domingo, 8 de fevereiro de 2009

Tour dos inspetores da FIFA pelo Brasil acabou. E agora?

É muito comum escutarmos que o Brasil é um país de dimensões continentais e com belezas naturais de norte a sul. Soma-se a isso a grande diversidade cultural que marca a formação histórica do Brasil e temos um país que qualquer cidadão do mundo gostaria de conhecer.
Pena que devido ao seu tamanho e aos índices de distribuição de renda de nosso país, poucos brasileiros tenham condições de conhecer seus próprios estados, quem dirá outras regiões ou o país inteiro. Segundo a Pesquisa por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2005, 30% dos domicílios brasileiros tem renda inferior a 2 salários mínimos. No Nordeste este percentual chega a pouco mais do que 50%.
Agora, imagine se você tivesse a oportunidade de conhecer 17 dos 26 estados do país, mais o Distrito Federal e as 5 regiões do Brasil em um pacote de 9 dias? Você poderia visitar Porto Alegre, a cosmopolita São Paulo e as belíssimas praias do nordeste. Como também locais de belezas naturais impares como a região Amazônica e a região do Pantanal. É o que o estado brasileiro propiciou para os inspetores da FIFA que visitaram o nosso país até ontem, 07/02, para escolher as 12 cidades que serão sedes da Copa de 2014. Os mesmos foram recebidos com tapetes vermelhos, paparicados para cá e para lá. Tanto que um deles, Thierry Weil, agradeceu a hospitalidade, disse que nosso país é realmente maravilhoso e que nosso povo é fanático por futebol.
O grande problema é que além dos milhares de reais que foram gastos agora, e que não foram divulgados por nenhum governo, tais inspetores vêm dar o aval para que se comecem a gastar bilhões de reais de dinheiro público que terão um retorno social ínfimo. Vide o Pan-americano no Rio em 2007 e os gastos que foram feitos no último ciclo olímpico de 2005 a 2008.
Para se ter uma idéia, segundo cálculos da Fundação Getúlio Vargas, e entregues pela FIFA e pela CBF ao presidente Lula serão necessários R$ 35 bilhões para que o país realize a Copa de 2014. Isso equivale a 2,3 vezes o orçamento anual da educação em nosso país. Valores inadmissíveis. E não podemos deixar de lembrar que em nosso país, infelizmente, os orçamentos são extrapolados. Ainda mais em grandes eventos. O do Pan-americano do Rio foi extrapolado em absurdos 1.000%.
Para piorar, governadores e prefeitos de cidades sem tradição nenhuma no futebol já planejam, e divulgam, construir enormes estádios de futebol que não terão utilidade pública alguma e serão verdadeiros elefantes brancos após a Copa de 2014. Cuiabá, por exemplo, orçou gastar R$ 350 milhões para construir um estádio na cidade com capacidade para cerca de 70 mil torcedores. A cidade não tem nenhum time as séries A, B, C e D do futebol brasileiro. Para que um estádio deste tamanho em Cuibá? O mesmo vale para Rio Branco e Manaus. Mato Grosso planeja, ainda, construir um centro de treinamento na Chapada dos Veadeiros, na região do Pantanal. Quem treinará lá após a Copa? Só se forem os veados e garças que habitam o local, pois a densidade demográfica da região é baixíssima.
A única explicação para que todo esse dinheiro seja gasto é o espólio político e transações omissas com empresas que tal empreendimento gerará para governadores, prefeitos, deputados federais e estaduais que estão envolvidos e dedicados em verem seus estados e cidades como sede ou sub-sedes da Copa de 2014.

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