sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

É apenas coincidência?

Em Março de 2008 o Ministério dos Esportes elaborou um memorando para que sua secretária fizesse uma concorrência pública para contratar uma empresa que auxilie o referido ministério em sua comunicação social e preste assessoria em questões como análises editoriais e elaborações de diagnóstico.
O memorando resultou na Concorrência 02/2008 do Ministério dos Esportes e que teve seu resultado publicado no Diário Oficial da União no dia 18 de fevereiro de 2009. Segundo o mesmo, quem ganhou a licitação foi a empresa IW Consultoria Pública e Comunicação SS Ltda, que venceu as seguintes empresas: IN PRESS Assessoria de Impressa e Promoções Ltda, Santa Fé Idéias e Comunicação Ltda, CDN Comunicação Corporativa Ltda e FSB Comunicação e Planejamento Estratégico Ltda. A IW obteve 96,67 pontos, o máximo de pontuação técnica possível. A segunda colocada, IN PRESS, obteve 11,34 pontos a menos.
Até então, nenhum motivo para desconfianças. Entretanto, qualquer cidadão mais atento começa a ficar com uma pulga atrás da orelha quando sabe a história de cada uma das empresas concorrentes.
As 4 empresas que perderam a concorrência têm muito mais tradição no mercado do que a IW. A IN PRESS cuida da carreira de jogadores de futebol como Ronaldo Fenômeno e Marta, além de ter contrato com grandes marcar como Skol, Antártica e Brahma. E a CDN tem em sua carteira de clientes Roche, Odebrechet e Telefonica. Já a FSB tem a CPFL, CSN e Votorantim entre seus clientes. Por fim, a Santa Fé tem parceira com a gigante Bel Pottinger, considerada uma das maiores empresas de comunicação do mundo.
E mais, 3 destas empresas têm contratos com instituições públicas. O que em se tratando de licitações “públicas” em nosso país, pode representar um forte lobby junto ao governo federal. A FSB assessora a Agência Nacional de Petróleo (ANP) e o Ministério do Turismo. A CDN a Secretária de Comunicação da Presidência (SECOM), Banco do Brasil e Banco Central. E a IN PRESS a Caixa Econômica Federal e a PETROBRAS.
A IW tem pouquíssima tradição no ramo. Poderíamos argumentar que o Ministério dos Esportes foi correto e deu uma oportunidade para uma pequena empresa começar em um mercado dominado por grandes corporações. Infelizmente, tal argumento pode cair por terra quando sabemos que a dona da empresa é Iris Walquíria.
Um dos trabalhos mais conhecidos da empresa foi ter prestado consultoria de imagem ao Ministro dos Esportes, Orlando Silva Junior, no famoso escândalo dos cartões corporativos em que o Ministro comprou tapioca em aeroporto com o cartão corporativo, além de outros R$ 30 mil gastos considerados ilegais pelo TCU e que o mesmo após a divulgação do episódio fez questão de devolver aos cofres da União.
Será apenas coincidência a IW vencer a licitação contra empresas do porte das que concorreram? A mesma é realmente competente a ponto de ganhar uma licitação pública com tanta vantagem de empresas como a IN PRESS e a CDN?
A reposta pode não ser das mais agradáveis quando sabemos a forma como vem sendo gerido o Ministério dos Esportes e que é denunciado constantemente por blogs, jornais e outros meios de comunicação.

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