domingo, 17 de agosto de 2008

Nasce um mito

Durante milênios a humanidade se utilizou de mitos para explicar fatos que fugiam a explicação racional de cada época. Pois bem, explicar o que Michael Phelps fez nas Olimpíadas de Pequim 2008 foge a racionalidade humana. Só o comparando com um deus para dimensionar seus feitos.
Conta a mitologia grega que num passado muito antigo havia no mundo vários Titãs, deuses que governavam o mundo desde os tempos primitivos. O maior deles, Cronos, era de um poder que nenhum outro deus poderia se equiparar. Somente um filho seu poderia tomar seu lugar. Este, então, comia seus filhos assim que nasciam e seu reinado se perpetuava por um tempo que o homem não é capaz de contar.
Na natação acontecia o mesmo. O americano Mark Spitz era o Cronos a décadas. Seu reinado parecia impossível de ser derrotado. Com a especialização dos nadadores em determinado tipo de nado, parecia impossível um atleta conseguir derrotá-lo. Antes mesmo de chegar a uma Olimpíada, os mortais e e outros deuses que dela participavam sabiam que não tinham a menor chance de quebrar o recorde de Spitz. Eram “devorados” pelo nome e pelos feitos do mesmo. E isso mesmo tendo “nascido” filhos como Popov e Ian Thorpe.
Mas um longo tempo se passou e Zeus, também filho de Cronos, desapossou o maior Titã do lugar mais alto entre os deuses. E assim como Cronos foi desapossado do trono por Zeus, Spitz foi superado por Phelps.
Phelps surgiu para o mundo em 2003, no mundial de natação daquele ano. Em Atenas 04 quase destronou Spitz, ganhou 6 medalhas de ouro. Faltou uma para ele alcançar o recorde do compatriota americano. Entretanto, era jovem e muito poderoso e sedento de derrotar seu pai. Outra chance teve e esta não desperdiçou. Levou 8 medalhas douradas, agora em Pequim 2008, e engoliu seu pai, como Zeus engoliu Cronos.
Zeus inaugurou uma nova era entre os deuses gregos. Phelps o faz no mundo da natação e do esporte. Ele tem nada mais, nada menos do que 14 medalhas de ouro, 5 a mais do que os outros deuses do Olimpo, como Larysa Patynina. Nunca um esportista subiu tantas vezes no lugar mais alto do pódio em toda a história olímpica. Sem dúvida alguma nasceu um mito no esporte. Daqui a 100 anos numa longínqua Olimpíada, o nome de Phelps será lembrado como um homem acima dos outros, como um Deus (sim, com letra maíscula, os outros é que, no máximo, serão deuses).
Na mitologia grega nem um outro deus superou Zeus e seu reinado. No esporte alguém conseguirá superar Phelps? Só o tempo dirá. Mas o certo é que seu feito nunca será esquecido na história do esporte.

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