sábado, 6 de setembro de 2008

Para não esquecermos

No domingo, dia 07, o Brasil jogará com o Chile, no estádio nacional. 4 dias depois será aniversário de 35 anos do golpe de 11 de Setembro chileno. Na data, o presidente Salvador Allende foi deposto por militares comandados pelo general Augusto Pinochet com apoio explícito dos Estados Unidos.
Seria uma ótima data para lembrar o ocorrido para as gerações que nem tinham nascido à época. Mas tudo indica que não será assim. Segundo o jornalista Christian Salgado, do jornal “Las Ùltimas notícias”, não haverá o clássico minuto de silêncio para se prestar homenagens. O jornalista analisa que o Chile hoje está mais para a direita e o minuto de silêncio não seria adequado.
Se a presidente do Chile, Michelle Bachelet, do Partido Socialista não prestará homenagem, nós prestaremos.
Em 11 de Setembro de 1973 o Estádio Nacional, local do jogo de domingo, começou a ser usado como um verdadeiro campo de concentração. Após o golpe que derrubou Allende, os militares começaram a mandar pessoas acusadas de participar do antigo governo socialista para o estádio. Foram 3 meses em que o estádio funcionou como um centro para detenção, interrogatório e tortura. Segundo dados oficiais, mais de 12 mil pessoas passaram pelo Estádio Nacional e 39 morreram.
No documentário “Estádio Nacional”, o ex-prisioneiro Carlos Vargas, relata o seguinte:
_ Um dia vi alguns colegas deitados próximos a um corredor. Só depois fui dar conta que estavam mortos. Eram mais de 20.
Era o início de mais uma ditadura, que marcaram a América entre as décadas de 60 e 80. Mas a chilena, se é que podemos pensar assim, foi a mais sangrenta. Todas apoiadas pelos Estados Unidos.
A diretora do documentário, Carmem Luz Parot, não tem dúvidas em classificar a ditadura chilena de fascista.
_ Era um local para onde chegavam comunistas, travestis, homossexuais. A idéia da junta militar era limpar o país da escória. Um fascismo gigantesco.
Por aqui o governo brasileiro se recusa a abrir os arquivo da ditadura. Por lá não se prestará homenagem os homens e mulheres que deram sua vida para derrubar uma ditadura. Como se vê, a Memória daqueles que lutaram pela liberdade não é tratada como o respeito que merece. Mais ainda, continuam a incomodar parte da classe política de ambos os países. E lá, como aqui, alguns continuam a defender que os seus governos são de esquerda.

Nenhum comentário: