sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Quem construiu Tebas, a das sete Portas? Trabalho escravo nas obras para a Copa de 2022

Qual a imagem do Catar que você vê na imensa maioria dos jornais? Possivelmente de extrema luxuosidade. É a fundação Catar patrocinando o Barcelona. Os prédios gigantescos e suntuosos deste território do chamado Emirados Árabes Unidos. O fato de ser o país com a maior renda per capita do mundo. E, agora, a cereja no bolo. O país, sem qualquer expressão futebolística, sediará a Copa do Mundo de 2022 em escolha comprovadamente corrupta. Mas será que esta é a realidade das pessoas que vivem de seu trabalho no país?

Infelizmente, a resposta é não. O jornal inglês The Guardian dando continuidade à série de reportagens "escravidão nos dias modernos em foco" mostra como luxo e pobreza são faces da mesma moeda, pois reportagem do jornal (ver aqui) constatou a existência de trabalho análogo à escravidão nas obras dos estádios da Copa de 2022! Para construir o “fántastico mundo da Fifa” os cataris terão que desembolsar bilhões de reais, fazendo a festa das diversas famílias reais do território, pois são as mesmas que controlam toda a economia local. E o trabalhador que irá construir tais “maravilhas da arquitetura”? Afinal, como tão bem disse Bertold Brecht, no famoso poema "Perguntas de um Operário Letrado": "Quem contruiu Tebas, a das sete Portas?/ Nos livros vem o nome dos reis,/ Mas foram os reis que transportaram as pedras?". Também no Catar, os verdadeiros autores da transformação estão longe da suntuosidade mostrada na TV sobre aquele país.

Centenas de trabalhadores vindos do Nepal, do Sri Lanka ou da Índia trabalham em condições que caracterizam a aproximação com a escravidão. Ou seja, não recebem salários, vivem em condições sub-humanas e tem graves restrições no direito de ir-e-vir. Mais uma vez, o máximo da ostentação e da teconologia convive com o maior grau de exploração! Em apenas dois meses, período da reportagem, foram constatadas a morte de 24 pessoas. Continuando nesse ritmo, até a Copa de 2022 mais de 4 mil trabalhadores perderão a vida!

A entidade máxima do futebol, FIFA, tem centenas de páginas de exigências dos países que irão receber seus eventos, lucra bilhões com o esporte que mais mobiliza seres humanos ao redor do globo e não exige qualquer tipo de protocolo para que o evento cumpra padrões sociais mínimos. No Brasil, a Copa do Mundo já desalojou centenas de pessoas. E o filme se repete no Catar/2022. Tal fato em nada me surpreende, dada a forma como tais eventos são gestados e organizados. O máximo de lucros para os que comandam são sustentados pela exploração do trabalhador. 

Fica a pergunta, até quando?

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